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Ao refletir sobre as dificuldades enfrentadas pela população e os visitantes dos municípios do entorno da Baía de Todos os Santos, pesquisadores das Universidades do Estado da Bahia (UNEB) e da Estadual de Feira de Santana (UEFS) uniram esforços para traçar novos trajetos e formas de se locomover no Recôncavo Baiano. A proposta prevê o retorno do trem de passageiros e de cargas, integrado com os diferentes modais de transportes. Coordenada pelo Grupo Recôncavo, do Campus V da UNEB, em parceria com o Grupo Geolands, da UEFS, a pesquisa faz parte do projeto sobre a mobilidade e a sustentabilidade socioambiental dos municípios da região, cujos principais resultados serão apresentados pela equipe no dia 9 de maio às 19h, por meio do Canal YouTube

Geolands, na live – Mobilidade territorial no Recôncavo Baiano: o trem e suas conexões.

A pesquisa identificou que a construção da Ponte de ligação da Ilha de Itaparica com Salvador e demais localidades, calcada somente na concentração de veículos rodoviários, demanda reflexões, pois provocará uma série de problemas, em especial para os residentes da região. Aumento da especulação imobiliária, dificuldade de acesso a emprego e renda pela maior parte da população, congestionamentos, além da emissão de resíduos poluentes e do aumento do número de acidentes, são alguns dos prejuízos nos percursos a serem realizados. O modelo atual, baseado no ferry boat, já tem causado sérios transtornos aos usuários do sistema, uma vez que tem carência de qualidade, conforto e de segurança na navegação.

Após lançar mão de recursos metodológicos como análise de dados e coleta de informações em bases referenciais, a equipe realizou atividade de campo, rodas de conversas e aplicação de questionários junto às populações envolvidas. Como resultado preliminar, os pesquisadores verificaram a necessidade de reconfiguração do sistema de mobilidade territorial vigente, sobretudo com foco na integração entre os diferentes modais, e que dessa forma, passe a adotar o trem como principal conector do sistema de transporte no Recôncavo.

“A necessidade de melhoria da mobilidade regional está cada vez mais evidente nos diálogos estabelecidos entre pesquisadores, gestores e representantes da sociedade civil organizada. As pessoas e as cargas necessitam ser deslocadas sem tantos prejuízos”, relata o coordenador da pesquisa Miguel Cerqueira Santos do Campus V da UNEB, localizado em Santo Antônio de Jesus. Essa estratégia, segundo o coordenador, servirá de subsídios nas políticas públicas que estejam preocupadas com a redução dos riscos ambientais, além de otimizar o uso do tempo nos diferentes percursos.

Para assegurar a sustentabilidade do Recôncavo é crucial dimensionar e desenhar um sistema de redes de circulação urbano-regional, rede viária e de tráfego, ligando, por exemplo, as pequenas localidades rurais com as sedes urbanas e com outros municípios, capital e o exterior do país. O grupo também se preocupa com as questões imobiliárias ligadas às terras urbanas e rurais, que podem gerar conflitos diversos e afetarem negativamente as populações tradicionais como quilombolas e pescadores artesanais. “Prevemos que esforços governamentais são urgentes para o planejamento e a gestão territorial e ambiental calcados em conhecimentos científicos sólidos” relata Professor Jémison Mattos dos Santos, líder do Grupo Geolands (UEFS).

Desde o início do processo de ocupação das terras brasileiras, o Recôncavo representou um importante centro dinâmico, envolvendo diferentes fluxos de pessoas e de mercadorias nas principais cidades da região. Tanto seu progresso quanto seu declínio foram marcados pela implantação das principais vias de acesso que cortam a região, a exemplo da BR 101, 324 e 242 e das inúmeras BAs. Também se fazem presentes elementos antagônicos advindos das relações territoriais ocorridas no entorno da Baía de Todos os Santos, a exemplo das potencialidades dos patrimônios materiais e imateriais e ao mesmo tempo da falta de equidade social. Sobre ele são adotadas nomenclaturas identitárias como Recôncavo canavieiro, Recôncavo fumageiro, Recôncavo Sul e Território de Identidade do Recôncavo. Portanto, a região não cabe em um único padrão.

Baseados em estudos do geógrafo Milton Santos, os pesquisadores do projeto tomam como referência a atual rede urbana da região, composta por 64 municípios, para explicar o circuito proposto de integração dos diferentes modais de transportes a ser apresentado por meio de mapas, tabelas e cartogramas. Nesta, destacam-se cidades como Salvador, Cachoeira, São Félix, Santo Amaro, Maragogipe, Nazaré, Itaparica, Santo Antônio de Jesus, Cruz das Almas, Jaguaripe, Amargosa, Salinas da Margarida, Castro Alves, Conceição da Feira e Maragojipe.

Na análise, os complexos urbanos-regionais devem estar em sinergia com os patrimônios arquitetônicos e naturais. O sistema deverá fortalecer o dinamismo urbano e regional a partir das conexões entre os diferentes tipos de transportes rodoviários, marítimos e ou hidroviários para fazer os seus percursos. Estão previstas, além da implantação de novas estações e construção de novos trechos de trilhos, adequações dos trechos já existentes na maior parte do roteiro. Essa proposta alinha-se com as novas trajetórias de desenvolvimento, o que condiz com as complexidades ambientais encontradas na região.

Conferencistas-membros da equipe:

Professor Doutor Miguel Cerqueira Santos – Coordenador do projeto e pesquisador do grupo Recôncavo- contato: (71)99933-5451

Professor Doutor Jémison Mattos Santos – Coordenador do Grupo de Pesquisa GEOLAND/UEFS – contato: (71) 99282-1094

Professora Doutora Cláudia Albuquerque de Lima Q. Costa – Pesquisadora do Grupo Recôncavo e coordenadora do Narradores do Recôncavo- contato: (71) 99709-1005 Elderney da Silva Souza – Especialista em Geotecnologias e membro da Empresa Go-Análises Júnior/UEFS – contato: (75) 98155-0952

Norma Eliane Reis Carvalho – Graduação em Geografia/UEFS (75) 98175-3465